Sou educadora e continuo em greve. Sabem por quê? Porque me sinto lesada por terem usurpado meus direitos. Eu tinha uma Lei Federal 11.738 que garantia o piso nacional do magistério que em seu art 6º cita o Plano de Carreira, eu tinha uma decisão do STF que diz que esse piso é vencimento básico, eu tinha um Plano de Carreira fundamentado na Lei Complementar 1.139. E nada disso valeu.
Acatarão as decisões judiciais de devolução do pagamento? Não creio, nem se for o Supremo Tribunal Federal que decidir. Alguém aí lembra por que a greve começou? Pelo não cumprimento de uma decisão da própria Suprema Corte.
Infelizmente alguns professores voltaram pras salas de aula, cansaram da luta, ficaram com pena das crianças, sentiram a tristeza do “modesto” salário descontado e do não ter recursos para honrar seus compromissos. Ou simplesmente mudaram de idéia e passaram a acreditar que o que pleiteavam era muito. Não os julgo, cada um sabe de seus poréns.
Eu, porém, me sinto em um estado sem Leis e olha que elas existem, tenho medo de duvidar até disso um dia. Onde está a justiça se um governante pode fazer o que bem lhe convém? Acho que terei que esperar pela providência divina. Espero que Deus não viaje tanto, não use de tantos subterfúgios e tenha a Educação como uma de suas prioridades.
O que mais me choca é saber que somos titulados de intransigentes porque ainda não voltamos para nossas escolas, amargando nossa humilhação. Dá dó dos alunos? Dá mesmo, mas ainda se tivermos que ensiná-los que só cumpre lei quem for subalterno, empregado, porque se for mandante, patrão não precisa. Eu prefiro continuar a luta, porque acredito na Educação e porque sei que ter os professores e alunos em sala de aula não é indicativo de qualidade. Precisamos de professores satisfeitos e motivados, alunos interessados, famílias participativas da vida escolar de seus filhos, estrutura física adequada, além de políticas públicas que garantam a real melhoria do ensino.
Por favor, não desvirtuem o nosso movimento dizendo que é uma greve política, não sou filhada e nem simpatizante de nenhum partido político e o “P” que eu defendo é de “PROFESSOR”. Acredito que ainda haja no movimento muitos que pensam como eu. E se há pessoas que se aproveitam da situação a culpa não é nossa.
Concluindo gostaria de lembrar à sociedade que ainda há crianças que sonham em ser professores, ontem mesmo minha prima de 8 anos me disse isso. Seguindo o conselho de Shakespeare, fiquei sem graça de responder-lhe “que os sonhos são bobagens e que não devemos acreditar neles” então lhe disse apenas que quem sabe até ela crescer seja dado aos professores o seu devido valor. Ou será que eu devia ter dito pra ela desistir da idéia?
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